quinta-feira, abril 28, 2011

Impuro e puro — as pessoas estão sempre procurando pela forma da pureza. Olhamos para o lixo e, então, quando olhamos para a comida, dizemos, "Isto é puro". Ela não tem um certo tipo de pureza. Quando olhamos para o lixo, dizemos, "Isso é impuro" e, comparado com o que é puro, ele é impuro, mas apenas por comparação. Definitivamente, tudo é lixo. Desculpe-me por falar assim, mas como você sabe, tudo é lixo e tudo é puro. Não há qualquer coisa que não seja realmente pura, e não há qualquer coisa que realmente não seja lixo, porque tudo está se decompondo e tudo está vindo à vida e se decompondo. Está se compondo e se decompondo ao mesmo tempo.

Estamos sempre medindo em termos de "mais" ou "menos". Mas "mais" ou "menos" não são apenas termos comparativos. Dizemos que um rato é pequeno e que um elefante é grande, mas uma formiga é ainda menor do que um rato. Então dizemos que um rato é pequeno e que um elefante é grande, mas não é necessariamente assim. É apenas um modo comparativo de falar sobre as coisas por causa da nossa posição. Então, estamos sempre olhando para as coisas em torno do nosso ponto de vista, da nossa posição. O único modo em que podemos realmente conhecer é deixar nossa posição. É muito difícil deixar nossa posição. Assim que começamos a pensar, então a mente começa a discriminar, e discriminar é separar e "dualizar". Estamos continuamente confrontados com o discriminar e dualizar nosso mundo. A dualidade é importante, mas temos que ser capazes de ver o outro lado.

O sutra está falando sobre o outro lado, por isso ele parece tão estranho.

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"Tenho amigos tão bonitos. Ninguém suspeita, mas sou uma pessoa muito rica."
Caio Fernando Abreu