quinta-feira, abril 28, 2011

Rochas calmas, rodeadas por nuvens brancas

Sobre a alta e inóspita montanha de pedra
Encontrei meu lar.
Apenas os pássaros são encontrados neste caminho escarpado,
Os rastros das pessoas terminam aqui.
O que existe fora da minha cabana?
Nuvens brancas rodeiam as rochas calmas.
Uma vida bela.
Ano após ano, experiencio a mudança
De primavera a inverno.
Encontra-se para palestras
No salão principal.
A fama falsa certamente não é útil.


Este poema é tirado do Kanzanshi (chin. Han-shan-shih, Poemas da Montanha Fria). Sou muito impressionado por ele. No Kanzanshi, muitas vezes cruzamos com os caracteres "nuvens brancas". Obviamente, Kanzan (chin. Han-shan, século VII) amava muito essas nuvens brancas. Uma rocha grande, profunda nas montanhas inacessíveis. Ele vivia nas alturas e se mantinha separado do mundo. Talvez é por isso que as nuvens brancas pudessem ser seus amigos. Os poemas de Kanzan sobre as nuvens brancas descrevem seu estado mental, que é idêntico com a iluminação no Zen. Lendo e pensando sobre estes poemas, podemos ver como ele experienciou sua vida na grandeza da natureza, cheio de atenção e quieto. Kanzan não é muito conhecido na história do Zen, mas nos deixou alguns poemas maravilhosos. Ele é digno da tentativa do homem moderno de entender o que suas palavras querem dizer para nós.

As pessoas modernas vivem com o barulho da cidade grande e suja. Portanto, é particularmente importante que nós experienciemos, ocasionalmente, o estado mental de Kanzan. Mas o Zen não deve em nenhum momento ser confundido com uma fuga do presente. Se você fugir de casa somente para escapar dos seus deveres, mas não querer se livrar da cobiça, do ódio e da ignorância, isto não está certo. Não temos de viver como Kanzan. Mas é necessário tentar se livrar das razões para o sofrimento. Então, experienciaremos este estado mental claro que ele descreve em seus poemas.

(Adaptado de Hozumi Gensho Rôshi, Zen Heart.
York Beach: Wiser Books, 2001. Pág. 7-22.)

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Caio Fernando Abreu